sábado, 24 de novembro de 2012

Colheo dia, porque é ele




Uns, com os olhos postos no passado, 
Veem o que não veem: outros, fitos 
Os mesmos olhos no futuro, veem 
O que não pode ver-se. 

Por que tão longe ir pôr o que está perto — 
A segurança nossa? 
Este é o dia, Esta é a hora, este o momento, isto
 É quem somos, e é tudo. 

Perene flui a interminável hora 
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
 Em que vivemos, morreremos. Colhe 
O dia, porque és ele.

Ricardo Reis

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