sexta-feira, 28 de dezembro de 2012




O teu silêncio é um leque-
Um leque fechado, um leque que aberto seria tão belo, tão belo,
Mas mais belo é não o abrir, para que a Hora não peque...

Fernando Pessoa

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

    


"Não sou nada. Nunca serei nada, não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."

Fernando Pessoa



" O homem é do tamanho do seu sonho. "

Fernando Pessoa




"Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada."

Fernando Pessoa



"O mar com fim será grego ou romano: o mar sem fim é portugues."

Fernando Pessoa



"Segue o teu destino...
Rega as tuas plantas;
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
de árvores alheias"


Fernando Pessoa



"Devemos fazer da queda um passo de dança...
Do sonho, uma ponte..."

Fernando Pessoa

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Ditosa Ave


 



 Quem fosse acompanhando juntamente
Por esses verdes campos a avezinha,
Que despois de perder um bem que tinha,
Não sabe mais que cousa é ser contente!

E quem fosse apartando-se da gente,
Ela por companheira e por vizinha,
Me ajudasse a chorar a pena minha,
E eu a ela também a que ela sente!

Ditosa ave! que ao menos, se a natura
A seu primeiro bem não dá segundo,
Dá-lhe o ser triste a seu contentamento.

Mas triste quem de longe quis ventura
Que para respirar lhe falte o vento,
E para tudo, enfim, lhe falte o mundo!

Luís Vaz de Camões

Antes o Vôo da Ave


 



Antes o vôo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.
A recordação é uma traição à Natureza,
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!

Alberto Caeiro

A criança que pensa





A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas
Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe,
Sabe como é que as cousas existem, que é que existem,
Sabe que existir existe e não se explica,
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em um ponto.
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer.


Alberto Caeiro

sábado, 22 de dezembro de 2012




"Há os livros que antes de lidos já estão lidos. Há os que se lêem todos e ficam logo lidos todos. E há os que nos regateiam a leitura e que pedimos humildemente que se deixem ler todos e não deixam e vão largando uma parte de si pelas gerações e jamais se deixam ler de uma vez para sempre."

Vergílio António Ferreira

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Não basta abrir a janela




Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.


Fernando Pessoa

Uns, com os olhos postos no passado






Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.

Porque tão longe ir pôr o que está perto -
O dia real que vemos? No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.


Ricardo Reis

Agora que sinto amor





Agora que sinto amor
Tenho interesse nos perfumes.
Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro.
Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova.
Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia.
São coisas que se sabem por fora.
Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça.
Hoje as flores sabem-me bem num paladar que se cheira.
Hoje às vezes acordo e cheiro antes de ver.


Alberto Caeiro

Está alta no céu a lua






Está alta no céu a lua e é primavera.
Penso em ti e dentro de mim estou completo.

Corre pelos vagos campos até mim uma brisa ligeira.
Penso em ti, murmuro o teu nome; não sou eu: sou feliz.

Amanhã virás, andarás comigo a colher flores pelos campos,
E eu andarei contigo pelos campos a ver-te colher flores.

Eu já te vejo amanhã a colher flores comigo pelos campos,
Mas quando vieres amanhã e andares comigo realmente a colher flores

Isso será uma alegria e uma novidade para mim.


Fernando Pessoa

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Chove. É dia de Natal





Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.

Fernando Pessoa



“(…) a mim ensinou-me tudo.
ensinou-me a olhar para as coisas.
aponta-me todas as coisas que há nas flores.
mostra-me como as pedras são engraçadas
quando a gente as tem na mão
e olha devagar para elas (…)”


Fernando Pessoa


domingo, 16 de dezembro de 2012

Natal























O sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro de minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

Fernando Pessoa

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012



"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?"

Fernando Pessoa



"As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido."

Fernando Pessoa


"A ciência descreve as coisas como são; a arte, como são sentidas, como se sente que são."

Fernando Pessoa

Rabanada



A rabanada é uma fatia de pão de trigo (pão-de-forma baguete ou outro) que, depois de molhada em leite, vinho (no Minho usa-se vinho verde tinto ou branco) ou calda de açúcar, é passada por ovos e frita.

As rabanadas fazem parte de muitas mesas da consoada em Portugal, e em várias ceias do Brasil. Servem-se polvilhadas com açúcar de canela ou regadas com calda de açúcar, xarope de bordo ou mel. Outrora, a palavra "rabanada" era apenas utilizada a norte do rio Mondego e ao mesmo doce atribuía-se, a partir da margem sul do referido rio, o nome de fatia-dourada, ou fatia-de-parida.

O presépio em Portugal



Em Portugal, o presépio tem tradições muito antigas e enraizadas nos costumes populares. É montado no início do Advento sem a figura do Menino Jesus que só é colocada na noite de Natal, depois da Missa do Galo. Tradicionalmente, é perto do presépio que são colocados os presentes que são distribuídos depois de se colocar a imagem do Menino Jesus. 

 O chamado Presépio Tradicional Português é - ao contrário do que encontramos nos outros países - formado por figuras tão diversas que não correspondem exatamente à época que deveriam representar. À exceção das figuras da Sagrada Família (São José, a Virgem Maria e o Menino Jesus), dos pastores e dos Três Reis Magos, todas as restantes figuras que surgem no Presépio Tradicional Português foram adicionadas com vista a dar uma representação "mais portuguesa" à história da Natividade. Assim, podemos encontrar figuras como: um moleiro e o seu moinho, uma lavadeira, alguns bailarinos de um rancho folclórico, uma mulher com um cântaro na cabeça, uma banda de música, entre muitos outros personagens divertidos e tipicamente portugueses. A origem destas peças de cerâmica é dos arredores da cidade de Barcelos, na Região Norte de Portugal e, ainda hoje, são todas produzidas com origem artesanal.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012




"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, pra sempre, à margem de nós mesmos"

Fernando Pessoa



"Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas."

Fernando Pessoa




"Quando vier a primavera, se eu já estiver morta, as flores florirão da mesma maneira e as árvores não serão menos verdes que na primavera passada. A realidade não precisa de mim. Sinto uma alegria enorme ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma... Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo; e gosto porque assim seria mesmo se eu não gostasse...
...O que for, quando for, é que será o que é."


Alberto Caeiro



"Há uma primavera em cada vida é preciso cantá-la assim florida. "

Florbela Espanca

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012




O Museu Nacional dos Coches localiza-se junto ao rio Tejo, na Praça Afonso de Albuquerque, na zona de Belém, em Lisboa, Portugal.

Era antigamente uma escola de arte equestre, o Picadeiro Real do Palácio de Belém, construída pelo arquitecto italiano Giacomo Azzolini, em 1726. Em 1905, foi transformado num museu pela rainha D. Amélia, esposa do rei D. Carlos, sob o nome Museu dos Coches Reais que, após o golpe republicano, teve o seu nome alterado.

É o museu da rede pública mais visitado de Portugal.

Coche de D. João V








Mandado construir pelo rei D. João V para a Casa Real Portuguesa este coche serviu, no Séc. XIX, para as visitas de Chefes de Estado estrangeiros a Portugal.

A caixa, apresenta linhas sinuosas numa movimentação ondulante, prenúncio do estilo rocaille.

O trabalho de talha dourada é atribuído ao escultor José de Almeida (1700-1769), em colaboração com seu irmão Félix Vicente de Almeida, entalhador da Casa Real.

Nos painéis da caixa as pinturas são atribuídas a José da Costa Negreiros, discípulo de André Gonçalves ou ao pintor francês Pierre Antoine Quillard Os painéis laterais e portinholas apresentam tratamento das madeiras em bombé (abaulado).

Por toda a estrutura do coche, tanto nos trabalhos de madeira, como nos de bronze cinzelado, aparecem cabeças de jovens mulheres conhecidas por espagnolettes.

O jogo do rodado também está recoberto a talha, nas molas de suspensão aparecem as espagnolettes e nas rodas os 12 signos do Zodíaco.


Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.


Alberto Caeiro

domingo, 9 de dezembro de 2012




"E assim como não há mármore nem bronze tão duro que, ferido do raio do sol, não responda ao mesmo sol com a reflexão do seu raio, assim não há coração tão de mármore na dureza, e tão de bronze na resistência, que, prevenido no amor, o não redobre e corresponda com outro."

Padre António Vieira




"O amor fino não busca causa nem fruto. E não pode haver mais fino nem mais provado amor que aquele que entrega o coração e fecha os olhos. Entregar o coração com os olhos abertos é querer a vista por prémio do amor; entregar o coração com os olhos fechados é não querer no amor nem o prémio da vista."

Padre António Vieira



"Para falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração são necessárias obras."

Padre António Vieira



"Há duas palavras que não se podem usar: uma é sempre, outra é nunca."

José Saramago



"Digo o que penso e, muito simplesmente enuncio factos pois que, apesar de poetisa, ligo bem maior importância aos factos do que às palavras por bonitas que sejam. Palavras são como as cantigas: leva-as o vento." 

 Florbela  Espanca

Caldo verde




Ingredientes:

    6 batatas
    1 caldo de galinha ou de carne
    1 1/2 litro de água
    2 colheres (sopa) de azeite
    1 paio
    1 gomo de lingüiça portuguesa
    1/2 maço de couve


Modo de preparar:

Em uma panela, coloque a água, o caldo de galinha ou de carne e as batatas. Após cozinhá-las, passe-as pelo espremedor ou amasse com o auxílio de um garfo. Coloque novamente na panela e adicione o paio e a lingüiça portuguesa (fatiados). Cozinhe mais um pouco e acrescente azeite, sal e a couve. Desligue e sirva.




Nada me o abismo deu ou o céu mostrou.
Só o vento volta onde estou toda e só,
E tudo dorme no confuso mundo.


Fernando Pessoa



"A nossa alma rende-se muito mais pelos olhos, do que pelos ouvidos."

Padre António Vieira

Olhar e Chorar





Notável criatura são os olhos! Admirável instrumento da natureza; prodigioso artifício da Providência! Eles são a primeira origem da culpa; eles a primeira fonte da Graça. São os olhos duas víboras, metidas em duas covas, e que a tentação pôs o veneno, e a contrição a triaga. São duas setas com que o Demónio se arma para nos ferir e perder; e são dois escudos com que Deus depois de feridos nos repara para nos salvar. Todos os sentidos do homem têm um só ofício; só os olhos têm dois. O Ouvido ouve, o Gosto gosta, o Olfacto cheira, o Tacto apalpa, só os olhos têm dois ofícios: Ver e Chorar. Estes serão os dois pólos do nosso discurso.
Ninguém haverá (se tem entendimento) que não deseje saber por que ajuntou a Natureza no mesmo instrumento as lágrimas e a vista; e por que uniu a mesma potência o ofício de chorar, e o de ver? O ver é a acção mais alegre; o chorar a mais triste. Sem ver, como dizia Tobias, não há gosto, porque o sabor de todos os gostos é o ver; pelo contrário, o chorar é o estilado da dor, o sangue da alma, a tinta do coração, o fel da vida, o líquido do sentimento. Por que ajuntou logo a natureza nos mesmos olhos dois efeitos tão contrários, ver e chorar? A razão e a experiência é esta. Ajuntou a Natureza a vista e as lágrimas, porque as lágrimas são consequência da vista; ajuntou a Providência o chorar com o ver, porque o ver é a causa do chorar. Sabeis porque choram os olhos? Porque vêem.

Padre António Vieira

sábado, 8 de dezembro de 2012




"Para ver com uma candeia, não basta só que a candeia esteja acesa, é necessário também que a distância seja proporcionada."

Padre António Vieira



"A mesma luz e a mesma candeia ao longe vê-se, ao perto alumeia."

 Padre António Vieira


"Não há poder maior no mundo que o do tempo: tudo sujeita, tudo muda, tudo acaba."

Padre Antonio Vieira



"O fruto, quando está maduro, se se não colhe, cai e apodrece. Não está a felicidade em viver muito, senão em viver bem."

Padre António Vieira



"O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive."

Padre António Vieira


"Há homens que são como as velas; sacrificam-se, queimando-se para dar luz aos outros."

Padre António Vieira





"Dorme enquanto eu velo... Deixa-me sonhar... Nada em mim é risonho. Quero-te para sonho, Não para te amar. A tua carne calma É fria em meu querer. Os meus desejos são cansaços. Nem quero ter nos braços Meu sonho do teu ser. Dorme, dorme. dorme, Vaga em teu sorrir... Sonho-te tão atento Que o sonho é encantamento E eu sonho sem sentir."

Fernando Pessoa



Entreguei-te o coração,
E que tatos tu lhe deste!
É talvez por estar estragado
Que ainda não mo devolveste...


Fernando Pessoa



Se ontem à tua porta
Mais triste o vento passou
Olha: levava um suspiro...
Bem sabes quem to mandou...


Fernando Pessoa