sexta-feira, 30 de janeiro de 2015






"Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero."

Álvaro de Campos

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015






Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão...

Fernando Pessoa






A caixa que não tem tampa
Fica sempre destapada
Dá-me um sorriso dos teus
Porque não quero mais nada.

Fernando Pessoa
 
 
 
 
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se,ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo

Fernando Pessoa






“Na cartilha maternal das borboletas
aprendeste a voar, e ali escreveste,
na ardósia do vento, os primeiros
poemas.”

Albano Martins

Noite






 




Ó noite onde as estrelas mentem luz, ó noite, única coisa do tamanho do universo, torna-me, corpo e alma, parte do teu corpo, que eu me perca em ser mera treva e me torne noite também, sem sonhos que sejam estrelas em mim, nem sol esperado que ilumine do futuro.

Fernando Pessoa






Não sabemos da alma senão da nossa;
As dos outros são olhares,
são gestos, são palavras,
com a suposição
de qualquer semelhança
no fundo.

Fernando Pessoa






Quero mais chão, pouco vão e mais bolinhas de sabão. Quero aceitar menos, indagar mais, ousar mais. Experimentar mais. Quero menos “mas”. Quero não sentir tanta saudade. Quero mais e tudo o mais. E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha

Fernando Pessoa

domingo, 25 de janeiro de 2015






O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se,ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo.

Fernando Pessoa

sábado, 10 de janeiro de 2015

Gatos








Gatos dos quintais,
gatos dos portões,
gatos dos quartéis,
gatos das pensões.
Vêm da Índia, da Pérsia,
da Nínive, Alexandria.
Vêm do lado da noite,
do oiro e rosa do dia.
Gatos das duquesas,
gatos das meninas,
gatos das viúvas,
gatos das ruínas.
Gatos e gatos e gatos.
Arre, que já estamos fartos!

Eugénio de Andrade