domingo, 24 de novembro de 2013






O pensamento pode ter elevação sem ter elegância, e, na proporção em que não tiver elegância, perderá a ação sobre os outros. A força sem a destreza é uma simples massa.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 20 de novembro de 2013





"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos."

José Saramago




 "Dentro ou fora de mim, todos os dias acontece algo que me surpreende.
Algo que me comove, desde a possibilidade do impossível a todos os sonhos e ilusões."
José Saramago




 "Se olharmos as coisas de perto, na melhor das hipóteses chegaremos à conclusão de que as palavras tentam dizer o que pensamos ou sentimos, mas há motivos para suspeitar que, por muito que procurem, não chegarão nunca a enunciar essa coisa estranha, rara e misteriosa que é um sentimento."

José Saramago




 "A vida é assim,
está cheia de palavras que não valem a pena,
ou que valeram e já não valem,
cada uma que ainda formos dizendo tirará o lugar a outra mais merecedora,
que o seria não tanto por si mesma,
mas pelas consequências de tê-la dito."

José Saramago




O pensamento pode ter elevação sem ter elegância, e, na proporção em que não tiver elegância, perderá a ação sobre os outros. A força sem a destreza é uma simples massa.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 13 de novembro de 2013






"O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis."

José Saramago

Em violino fado





Ponho as mãos no teu corpo musical
Onde esperam os sons adormecidos.
Em silêncio começo, que pressente
A brusca irrupção do tom real.
E quando a alma ascendendo canta
Ao percorrer a escala dos sentidos,
Não mente a alma nem o corpo mente.
Não é por culpa nossa se a garganta
Enrouquece e se cala de repente
Em cruas dissonâncias, em rangidos
Exasperantes de acorde errado.

Se no silêncio em que a canção esmorece
Outro tom se insinua, recordado,
Não tarda que se extinga, emudece:
Não se consente em violino fado.

José Saramago



"A esperança. Só a esperança, nada mais. Chega-se um ponto, em que não há mais nada senão ela... É então que descobrimos que ainda temos tudo."
José Saramago






" Costuma-se dizer,
dêmos tempo ao tempo,
mas aquilo que sempre nos esquecemos de perguntar
é se haverá tempo para dar."


José Saramago

domingo, 6 de outubro de 2013





“ Cheio de Deus, não temo o que virá 
Pois, venha o que vier, nunca será 
Maior do que a minha alma.”

 Fernando Pessoa

sábado, 5 de outubro de 2013





Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê;
Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê.


Luís de Camões




Gosto da noite imensa,
triste,preta,como esta estranha borboleta
Que eu sinto sempre a voltejar em mim!...


Florbela Espanca

Mistério




Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.

Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.

Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…

Talvez um dia entenda o teu mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!


Florbela Espanca

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Meio da vida






 Porque as manhãs são rápidas e o seu sol quebrado
Porque o meio-dia
Em seu despido fulgor rodeia a terra

A casa compõe uma por uma as suas sombras
A casa prepara a tarde
Frutos e canções se multiplicam
Nua e aguda
A doçura da vida


Sophia de Mello Breyner Andresen




 Era preciso agradecer às flores
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
De uma manhã futura.

Sophia de Mello Breyner Andresen

domingo, 22 de setembro de 2013





 Como um fruto que mostra
Aberto pelo meio
A frescura do centro

Assim é a manhã
Dentro da qual eu entro


Sophia de Mello Breyner Andresen

quinta-feira, 19 de setembro de 2013





Tenho o nome duma flor
quando me chamas.
Quando me tocas,
nem eu sei
se sou água, rapariga,
ou algum pomar que atravessei.


Eugénio de Andrade




O dia em que eu como pássaro,deixar-me escapulir num voo, penetrarei em teu coração e tua presença me possuirá para sempre
Sua imagem percorre meus sonhos como uma sombra,sua voz me invade meus sentidos como um sonho.
Os grandes momentos da vida veem por si mesmos...
...não faz sentido esperar por eles.
seu carinho me acompanha.
O valor das coisas não estar no tempo que elas dura, mas na intensidade que acontecem.
Por isso Existem momentos inesquecíveis e pessoas incomparáveis.


Fernando Pessoa


segunda-feira, 16 de setembro de 2013





Chove. que fiz eu da vida?
Fiz o que ela fez de mim...
De pensada , mal vivida ...
Triste de quem é assim !


Fernando Pessoa

quinta-feira, 12 de setembro de 2013





Com o sol a trepar pelas árvores
não tardará
que a manhã corra mais limpa
e se possa beber.

Eugénio de Andrade





Tu já tinhas um nome, e eu não sei
se eras fonte ou mar ou flor.
Nos meus versos chamar-te-ei amor.

Eugénio de Andrade

quarta-feira, 4 de setembro de 2013





Vai alta no céu a lua da primavera.
Penso em ti e dentro de mim estou completo.

Alberto Caeiro

sexta-feira, 9 de agosto de 2013






De palavra em palavra
a noite sobe
aos ramos mais altos

e canta
o êxtase do dia.

Eugénio de Andrade




O amor
é uma ave a tremer
nas mãos duma criança.
Serve-se de palavras
por ignorar
que as manhãs mais limpas
não têm voz.

Eugénio de Andrade

domingo, 4 de agosto de 2013





Mostrai-me as anémonas, as medusas e os corais
Do fundo do mar.
Eu nasci há um instante.
Sophia de Mello Andresen

Vozes do mar






Quando o sol vai caindo sobre as águas
Num nervoso delíquio d'oiro intenso,
Donde vem essa voz cheia de mágoas
Com que falas à terra, ó mar imenso?...

Tu falas de festins, e cavalgadas
De cavaleiros errantes ao luar?
Falas de caravelas encantadas
Que dormem em teu seio a soluçar?

Tens cantos d'epopeias? Tens anseios
D'amarguras? Tu tens também receios,
Ó mar cheio de esperança e majestade?!

Donde vem essa voz, ó mar amigo?...
... Talvez a voz do Portugal antigo,
Chamando por Camões numa saudade!

Florbela Espanca

Náiades, vós, que os rios habitais






Náiades, vós, que os rios habitais
que os saudosos campos vão regando,
de meus olhos vereis estar manando
outros, que quase aos vossos são iguais.

Dríades, vós, que as setas atirais,
os fugitivos cervos derrubando,
outros olhos vereis que, triunfando,
derrubam corações, que valem mais.

Deixai as aljavas logo, e as águas frias,
e vinde, Ninfas minhas, se quereis
saber como de uns olhos nacem mágoas;

vereis como se passam em vão os dias;
mas não vireis em vão, que cá achareis
nos seus as setas, e nos meus as águas.

Luís Vaz de Camões

Fundo do mar







No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.

Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.

Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.

Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.

Sophia de Mello Breyner Andresen






De todos os cantos do mundo  
Amo com um amor mais forte e mais profundo 
Aquela praia extasiada e nua, 
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua. 
Cheiro a terra as árvores e o vento 
Que a primavera enche de perfumes 
Mas neles só quero e só procuro 
A selvagem exalação das ondas 
Subindo para os astros como um grito puro.

Sophia de Mello Breyner Andresen





O mar azul e branco e as luzidias
Pedras –- O arfado espaço
Onde o que está lavado se relava
Para o rito do espanto e do começo
Onde sou a mim mesma devolvida
Em sal espuma e concha regressada
À praia inicial da minha vida.


Sophia de Mello Andresen





“Há barcos para muitos portos,
mas nenhum para a vida não doer,
nem há desembarque onde se esqueça”.

Fernando Pessoa

Poema azul








O mar beijando a areia
O céu e a lua cheia
Que cai no mar
Que abraça a areia
Que mostra o céu
E a lua cheia
Que prateia os cabelos do meu bem
Que olha o mar beijando a areia
E uma estrelinha solta no céu
Que cai no mar
Que abraça a areia
Que mostra o céu e a lua cheia
um beijo meu


Sophia de Mello Breyner Andresen






Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim,
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho,
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.

Sophia de Mello Breyner Andresen






Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.

Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.


Sophia de Mello Breyner Andresen

domingo, 28 de julho de 2013






(...) Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
Se não a vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela...

(Alberto Caeiro - heterônimo de Fernando Pessoa)

segunda-feira, 22 de julho de 2013






Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas;
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Florbela Espanca

segunda-feira, 8 de julho de 2013



“A vida é breve, mas cabe nela muito
mais do que somos capazes de viver.”


José Saramago

domingo, 30 de junho de 2013

quinta-feira, 27 de junho de 2013






Casitas brancas do Minho
Onde guardam os tesouros,
As fadas d'olhos azuis
E lindos cabelos loiros.
Filtros de beijos em flor,
Corações de namoradas,
Nas casas brancas do Minho
Guardam ciosas as fadas.

Florbela Espanca

terça-feira, 25 de junho de 2013

Deve haver uma noite de primavera lá fora ...




 "De repente todo o espaço pára…,
Pára, escorrega, desembrulha-se…,
E num canto do teto,
muito mais longe do que ele está,
Abrem janelas secretas
E há ramos de violetas caindo
Deve haver uma noite de primavera lá fora ... "

 
Fernando Pessoa

domingo, 9 de junho de 2013





Ó noite, flor acesa, quem te colhe?
Sou eu que em ti me deixo anoitecer,
Ou o gesto preciso que te escolhe
Na flor dum outro ser?


Sophia de Mello Breyner Andresen





"E a minha alma alegra-se com seu sorriso, um sorriso amplo e humano, como o aplauso de uma multidão"

Fernando Pessoa

terça-feira, 4 de junho de 2013

As rosas





Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas.


Sophia de Mello Breyner Andresen




Sob o caramanchão de glicínia lilás
As abelhas e eu
Tontas de perfume

Lá no alto as abelhas
Doiradas e pequenas
Não se ocupavam de mim
Iam de flor em flor
E cá em baixo eu
Sentada no banco de azulejos
Entre penumbra e luz
Flor e perfume
Tão ávida como as abelhas.


Sophia de Mello Breyner Andresen

domingo, 2 de junho de 2013




A vida é uma aprendizagem diária. Afasto-me do caos e sigo um simples pensamento: Quanto mais simples, melhor !
Jose Saramago

Pirata





 


Sou o único homem a bordo do meu barco.
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.

Gosto de uivar no vento com os mastros
E de me abrir na brisa com as velas,
E há momentos que são quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.

A minha pátria é onde o vento passa,
A minha amada é onde os roseirais dão flor,
O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.

Sophia de Mello Breyner

domingo, 26 de maio de 2013






"Há esperanças que é loucura ter. Pois eu digo-te que se
não fossem essas já eu teria desistido da vida."


José Saramago